- PROPRIEDADE E EDIÇÃO SIB A Voz do Operário Rua da Voz do Operário, 13, 1100 – 620 Lisboa Telefone: 218 862 155. E-mail: jornal@vozoperario.pt
- DIRETOR Domingos Lobo
- DESIGN E PAGINAÇÃO Ana Ambrósio, Diogo Jorge
- FOTOGRAFIA Nuno Agostinho
- COLABORADORES André Levy, Bruno Carvalho, Carlos Moura, Domingos Lobo, Eugénio Rosa, Luís Caixeiro, Manuel Figueiredo, Maurício Miguel, Rego Mendes, Rita Morais
- REDAÇÃO Rua da Voz do Operário, 13, 1100 – 620 Lisboa
- ESTATUTO EDITORIAL www.vozoperario.pt
Ir onde outros não vão
O antídoto para a mentira é ir onde outros não vão. Não estando refém de grupos económicos e financeiros, A Voz do Operário dedica-se a retratar as realidade que habitualmente não têm espaço na maioria dos jornais. Artigos, reportagens, entrevistas e crónicas que retratam a vida de quem trabalha são a coluna vertebral desta publicação. Das lutas sindicais à atividade das coletividades, do desporto popular à cultura alternativa, das agressões racistas aos protestos contra as propinas, dos habitantes despejados à degradação dos transportes, das reivindicações das mulheres às lutas dos povos. Esta é a verdade a que temos direito e é este o jornalismo democrático que tem a obrigação de fazer a diferença.
Chegar mais longe, chegar a mais gente
Abrir as páginas d’A Voz do Operário é um gesto repetido por muitos milhares há quase 140 anos. Atualmente, são muitos os que mensalmente recebem o jornal em casa em todo o país e são muitos os que o lêem nos diferentes espaços da instituição. Para além da edição digital, A Voz do Operário pretende que mais gente se junte a este projeto e caminhe connosco neste trilho iniciado em 1879. Subscrever este jornal não é apenas assinar uma publicação. É apoiar uma ferramenta cada vez mais necessária diante dos perigos que espreitam e é ajudar-nos a sustentar um projeto que deve ter como principal fonte de financiamento os trabalhadores a quem damos voz.
O mais antigo jornal operário em circulação no país
Oito anos depois da formação do primeiro governo operário da história com a Comuna de Paris, as mulheres e os homens que defendiam os mesmos princípios e suavam em Lisboa por meia dúzia de tostões na indústria tabaqueira decidiram fazer este jornal. Foi 140 anos em 11 de outubro que A Voz do Operário saiu às ruas pela primeira vez. Se são indiscutíveis os avanços conquistados pela luta de gerações e gerações de trabalhadores também é certo que as razões que nortearam os fundadores d’A Voz do Operário se mantêm vigentes. Em 1879, quando decidiram que não podiam continuar a ver as suas reivindicações e a sua luta silenciadas pela imprensa alinhada com o poder económico e político da época, os operários tabaqueiros enfrentavam o mesmo défice democrático mediático que enfrentam, hoje, os trabalhadores portugueses.
Resistir em coletivo
Fiéis ao compromisso com os trabalhadores e os seus interesses, os diferentes jornalistas e colaboradores que carregaram em ombros o objetivo de conquistar a emancipação social dando voz aos operários através deste jornal assistiram às profundas transformações do panorama mediático no nosso país. Não é por acaso que é no dealbar das mais importantes revoluções do século XX que dão os processos mais profundos de massificação e democratização dos meios de comunicação social. Nos anos posteriores à instauração da República, a imprensa operária multiplicou-se como reflexo da efervescência, da força social e da emancipação dos trabalhadores portugueses. E, a seguir à revolução que derrubou o fascismo, em 1974, para além do nascimento de centenas de meios impressos, a nacionalização da banca e dos seguros, detentores dos principais meios de comunicação, traduziu-se na democratização das linhas editoriais de órgãos que durante meio século haviam estado amordaçados pela censura fascista. A Voz do Operário testemunhou o nascimento da rádio, da televisão e da internet e enfrentou múltiplos desafios que só foram superados graças ao compromisso de milhares de associados. Sendo o jornal operário mais antigo e o nono título de imprensa mais longevo dos que todavia resistem no nosso país, A Voz do Operário é a prova de que a fidelidade aos princípios fundacionais e a independência de grupos económicos e financeiros são eixos centrais da nossa existência.
É urgente democratizar os meios de comunicação
Desde que começou a recuperação capitalista com o processo contra-revolucionário que se desenrola há décadas para descaraterizar as conquistas da revolução de Abril, onde se inclui a entrada de Portugal na CEE, os grandes grupos económicos e financeiros trataram de pôr em causa a democratização dos meios de comunicação. Quando se comemoram 45 anos do 25 de Abril de 1974, importa recordar que logo após o 25 de Novembro do ano seguinte mais de 150 trabalhadores da comunicação social foram saneados da RTP, Emissora Nacional, Diário de Notícias, Rádio Clube Português, O Século e ANOP, a percussora da Agência Lusa. Com a direita no poder, à privatização da esmagadora maioria dos órgãos sucedeu-se a extinção de dezenas de títulos de imprensa e a concentração de quase todos os meios nas mãos de uns poucos grupos económicos e financeiros. O contexto mediático atual, com as devidas diferenças, é parecido com o vivido pelos operários tabaqueiros que não conseguiam ver retratado na imprensa da época a sua realidade e as suas aspirações.
Hoje, com jornais, rádios e televisões absolutamente transfigurados e reféns das agências de comunicação que determinam boa parte da agenda mediática, cresce o perigo do fascismo. As notícias falsas não existem apenas nas redes sociais. Elas campeiam há anos nos órgãos de comunicação social. Quem não se recorda das mentiras que se fabricaram para justificar a invasão do Iraque? Quem pode omitir que determinados meios viraram trabalhadores do privado contra os do público para justificar a retirada de direitos?
É neste contexto que só a imprensa livre e democrática pode dar resposta ao recrudescimento do fascismo em todas as suas formas fazendo da verdade uma arma e dando voz às lutas de quem trabalha. Ou seja, a esmagadora maioria da população. A Voz do Operário faz parte dessa resistência e procura dar aos seus leitores a qualidade, a diversidade e a profundidade do retrato que fazemos de uma realidade cada vez mais exigente e complexa.